O MEC, a tal cartilha e a hipocrisia alheia
Vocês me conhecem (suponho), sabem que eu nunca escrevo sobre um assunto assim que ele cai na grande mídia. Espero a poeira baixar, as apurações acontecerem, todos os envolvidos falarem, então tiro minhas conclusões e vocês (sabe-se lá o porquê!!) chegam até aqui para ler. De vez em quando até respondem!! Poderiam comentar sempre, por sinal, mas…
Mas enfim, qual é a questão de hoje?
A questão de hoje é a tal cartilha do MEC, que foi apedrejada até não poder mais! Eu até pensei em fazer um copiar-colar aqui, mas seria injusto com a cartilha e com vocês. Não quero selecionar um trecho de um material de 17 páginas e sair jogando pedras insanas sobre ele. Então vamos por parte, como diria o Jack.
Primeiro, disseram que a cartilha ensinava a escrever errado. Não é bem assim. A cartilha dizia, para quem quisesse entender (é claro), que todos devem escrever de acordo com a norma culta da língua, mas que na hora de falar, é aceitável que hajam discordâncias.
Ok, ok, eu também não gosto disto. Para mim, português é português, orkutês é orkutês e tuitês é tuitês. Um se fala, outro se caga, outro se reduz. Gostemos ou não, uma coisa a cartilha disse e a hipocrisia alheia fez muito barulho em cima disto: cada reduto social tem sim seu dialeto próprio, isto é fato indiscutível. Neste ponto, apenas peço cautela para que não esqueçam que o idioma oficial do Brasil (com “s”) é o pt-br, ou português brasileiro. Um é o idioma, outro é o dialeto. Ponto.
Quantos de vocês sabem o que quer dizer idiossincrasia?! Anacrônico!? Conjuntura? Pois é, tem gente que sabe, tem gente que não sabe. O que os difere? Acesso à cultura, à leitura, ao conhecimento (ET Bilu já falou, não ouviu quem não quis). A mesma coisa acontece com a norma culta escrita de nosso idioma. Tem gente que sabe, tem gente que não sabe.
Devemos respeitar esta norma quando escrevemos, por inúmeras razões (qualidade e eficiência da comunicação, por ex.), assim como você diz “nóis” mas escreve “nós”, a cartilha pontua exatamente isto: (1) você pode até falar assim, mas evite; (2) você não pode escrever assim, não pode!
Eu ainda acho que erraram feio na FORMA como isto foi dito, aliás, escrito. Mas de qualquer forma, saibam que todo este escândalo que foi criado não foi por “cuidado com nossa educação”, mas por meras questões políticas.
Leiam o arquivo (anexo, em PDF) que está aí no final do post, que é o capítulo da cartilha, base desta confusão toda, disponível para quem quiser ler. Recomento a leitura completa, mas principalmente as páginas um, dois, quinze e dezesseis. Voltem aqui e comentem.
Deixo, por fim, um trecho chave do porquê decidi escrever tudo isto, sobre este assunto. O trecho está na página 15.
Você pode estar se perguntando: “Mas eu posso falar ‘os livro?’.”
Claro que pode. Mas fique atento porque, dependendo da situação, você corre o risco de ser vítima de preconceito linguístico. Muita gente diz o que se deve e o que não se deve falar e escrever, tomando as regras estabelecidas para a norma culta como padrão de correção de todas as formas linguísticas. O falante, portanto, tem de ser capaz de usar a varianteadequada da língua para cada ocasião.Cap 6, pág 15, “Escrever é diferente de falar”, MEC
Tudo é interpretação. Quer gostemos ou não. E o caos que criaram sobre este assunto foi puramente político, nada além disto.
ANEXO: Cartilha do MEC – Escrever é diferente de falar – V6Cap1
Paz à todos!!
.Paulo Beto Patux.
Vamos lá, meu querido Patux! Uma correção, antes: não é cartilha, é um excelente livro didático da professora Heloísa Ramos.
O livro adotado pelo MEC não ensina a falar errado e nem a escrever errado. Na verdade o que a professora quis mostrar é que não é errado o aluno falar “os livro, os peixe…”, mas que ele precisa saber que em determinadas situações esse modo de falar pode causar um preconceito linguistico. Assim, a pessoa sofreria humilhação e desrespeito pelo seu modo de falar.
É um modo de fazer com que o aluno não se sinta deslocado na escola, fazendo com que aumente a evasão escolar. Tudo bem falar “os livro” no seu ambiente familiar, mas na hora de escrever o correto é “os livros”. A lingua falada e a norma culta não se excluem, se complementam.
O que aconteceu foi mais um problema politico, porque está no PCN (parametros curriculares nacional) de que o ensino de portugues deve mostrar a diversidade e pluralidade da lingua e tambem ensinar a norma culta vigente. Sabe aquele lance de pegar apenar um trecho de um texto e o encaixar em sua razão, ignorando o resto do texto? Então… foi isso.
Tanto que no capitulo do livro há exercicios pedindo para o aluno transformar da forma coloquial em norma culta.
Dá uma olhada nest post que eu fiz, replicando um texto do Ribamar Bessa Freire sobre esse mesmo assunto, talvez vc goste! =D http://migre.me/5aBsb
Ia comentar mas o Wagner já falou! Só tô escrevendo ainda pra registrar minha passagem… Beijos!