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Morte Inesperada – parte 1

Tiago um cara normal, daqueles que passam despercebidos na faculdade, que todo mundo conhece de vista mas nunca profundamente, simpático e invisível, boa gente para resumir, não sabe mas hoje ele vai morrer.

De manhã, antes de ir para a faculdade ele tomou suco de laranja ao invéz de café, não penteou o cabelo e usou a mesma roupa de ontem, ele estava feliz, o ar da manhã lhe parecia mais perfumado, quase sentindo o gosto doce proveniente das flores do jardim do campus. Sim. Ele estava apaixonado. E sim, ela não sabia. Ainda.

Na primeira aula, a chatisse de sempre, o professor de Engenharia Ambiental passava mais um slide enfadonho sobre o impacto das mudanças climáticas, meia luz, meia turma dormia, meia turma conversava, ninguém prestava atenção e Tiago pensava em suas meias. A capacidade de atenção de Tiago hoje era ligeiramente maior do que a de um equinodermo. Tudo lembrava ela, e ela lembrava a ele que hoje exporia seus sentimentos à ela.

Hora do intervalo, Tiago se dirigiu à biblioteca, onde Clarisse trabalhava meio período para ajudar a pagar a faculdade tão sonhada de letras. Ela sonhava em ser professora, em fazer pesquisas, quem sabe uma especialização em história. Gostava de música também, e como muitas meninas na sua idade, se interessava por coisas esotéricas e meninos. Um certo menino havia lhe chamado a atenção, ela sabia que ele se chamava Tiago pelo cartão da biblioteca, mas sempre manteve em segredo o seu interesse, por vergonha ou prudência talvez. Toda vez que Tiago aparecia ela ficava agitada e por vezes trocava os livros o que gerava algumas reclamações à seu respeito, mas nada muito grave.

Quando Tiago deixou sua mochila na estante destinada às mochilas da biblioteca, Clarisse deixou dois livros de direito cair, e quase que imediato veio a ajuda de Tiago e a bronca da supervisora. Clarisse ruborizou e voltou para trás do balcão. Tiago respirou, como Hortência antes dos lances livres e foi em direção ao balcão.

– Que horas você vai sair hoje? – Ele sabia, 17:00 como todo dia – Ah er… oi Clarisse.

Ele esquecera de cumprimentá-la e já tinha interrogado a menina, ao se dar conta da gafe ele sorri e coça a cabeça.

– Às 17:00, por quê? – Ao pensar em suas próprias palavras Clarisse considerou muito seca e dura sua resposta e tentou consertar – Alguma aventura em mente? Maravilha, quem nos dias de hoje ainda diz “aventura” dessa forma?

– Ah sim, é que eu queria ir no museu lá do centro, está rolando uma exposição sobre o descobrimento e pensei que você pudesse gostar de ir. Ela não sabia mas ele há muito havia reparado que ela sempre carregava um livro de história entre os de gramática e literatura.

-Ah,ok. Então, hoje, ok, 17:00 na frente da faculdade. Agora apesar de o ar-condicionado desregulado da faculdade que levava a todos à era glacial, Clarisse sentia muito calor a ponto de quase transpirar.

Aquele começo de tarde estava nublado e quando marcou 17:00 h algumas nuvens feias começaram a se aglomerar. Ele a viu descendo as escadas e seu coração disparou, o quê dizer? Como devo agir? Eram algumas das perguntas que passavam em sua cabeça quado ela lhe disse: – Vamos ou esperaremos D.Pedro nos buscar? Ele riu e ela também, e juntos atravessaram a rua, porém mal sabiam que estavam sendo observados…