Blablaísmo

Blá blá de qualidade

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[MCP3] Sobre o coelho de Alice

relógio antigo

“Tempo, tempo mano velho, falta um tanto ainda eu sei, pra você correr macio”

Pato Fu

Quando de repente paramos e olhamos para trás, nos damos conta do passar dos minutos, horas, dias, meses e anos. Essa é a passagem da vida e seu relógio não para de jeito nenhum.

Quem é o mestre?  Quem é o servo? Essa pergunta tem sido feita há muito tempo, principalmente nos tempos modernos onde tudo é ditado pelo tempo. A cidade funciona como as engrenagens de um mecanismo  impiedoso que rouba a vida de seus outros componentes e acabamos virando um subproduto do tempo, onde ele é considerado dinheiro. Dinheiro este com o qual se compra mais tempo, em troca de preocupações. Perdemos nosso tempo, para tentar, em vão, recuperá-lo depois. Adiamos projetos, viagens, encontros e até a própria vida, preferindo viver em animação suspensa até que algo ou alguém nos resgate. Segundo Sêneca “Permanecemos imersos, presos às paixões, não favorecendo um voltar-se para si próprio.”¹ E assim, perdemos nossa forma e abdicamos de muitas coisas em nome de uma perseguição daquilo que nos fará melhores e que nos permitirá uma tentativa de retomar o controle. Mas assim como o jogo, quando você se dá conta dele, você perdeu.

Tic. Tac. Acorde. Tic. Tac. Corra. Tic. Tac. Trabalhe. Tic. Tac. Morra. Substituam essa peça, pois o show não pode parar!

O quanto nós mesmo nos rendemos à Cronos? Quão breve a vida pode ser? Viver com ardor de uma chama ou com o brilho de uma selfie?

Adversário ou aliado? Qual lado você escolherá? No trânsito da vida, qual é a sua trilha sonora?

Não coma, engula. Não lembre, tire foto. Não pense, aja. Não leia, curta. Não crie, compartilhe.

Estou atrasado!

Agora é tarde demais.

Até amanhã.


¹. Sêneca, Sobre a brevidade da vida, LP&M Pocket, 2008