Do mestrado: sensações
Agora tem um pouco mais de um mês que já ingressei no mestrado e me sinto mais tranquilo em fazer algumas reflexões iniciais – quiça algumas superficiais e apressadas – sobre esse momento da minha vida.
Me formei em Geografia em 2009. Primeiramente eu ingressei em 2004 na Unesp, campus de Ourinhos. O que foi altamente irônico, já que o mesmo curso é oferecido pela mesma universidade aqui na cidade que moro, Rio Claro. Mas o vestibular em Ourinhos aconteceu no meio do ano, prestei mais para ver como eu estava do que para realmente entrar. Calhou de eu ficar na lista de espera e ser chamado. Fiquei 1 ano e meio lá, mas foram excelentes 1 ano e meio, muitos pensamentos meus mudaram. Precisei pedir transferência para Rio Claro por motivos pessoais, financeiros e pressões. E conheci excelentes pessoas aqui também, mas eu tinha a sensação de não me encaixar em nenhuma turma de fato. Até aí tudo bem, eu já tenho a sensação de não me encaixar em Rio Claro mesmo.
Me formei tanto em bacharel quanto em licenciado em Geografia em 2009. E desde esse ano eu leciono na rede pública de ensino. Não consegui, até hoje, lecionar na rede particular porque aqui é um clube fechado, você só entra se tiver um QI (Quem Indica) muito bom e influente. Mas não quer dizer que não saio distribuindo meus currículos pelas escolas. Só que, ao contrário de muitos que se formaram comigo, eu não engatei um mestrado logo após a graduação.
Estava de saco cheio da graduação. Ao mesmo tempo não sabia se valeria a pena continuar a vida academica na geografia. Resolvi trabalhar, conhecer melhor essa profissão-professor, se era algo que eu realmente queria. O pensamento continuava a pensar na universidade, mas eu pensava bem para qual area seguir.
Foi bom esse tempo, acredito que amadureci melhor em vários aspectos. Até que em 2011 me senti confiante o suficiente para fazer esse retorno ao mundo academico. Porem, o retorno foi para a área da Educação. Ponderei: se eu fosse para a Geografia, provavelmente eu iria rever muitas pessoas com quem já estudei e iria rever autores que já li/estudei durante a graduação. Ou seja, as chances de eu me enjoar e fazer tudo nas coxas seriam altas. Na Educação, o contrário: graduados em diversas areas, pensamentos diferentes, autores diferentes. Um mundo diferente, ao mesmo tempo conectado ao que eu já vivia profissionalmente.
Não foi fácil entrar. Leituras diversas de autores ligados a educação, horas e horas pensando e escrevendo sobre o projeto, conhecer os professores… e aí veio a sequencia de provas. A cada resultado, aumento da ansiedade. Até que dezembro de 2011 veio e com ele a esperança de um 2012 melhor: fui aceito. De não sei quantos candidatos (acredite, tinha muita gente!), eu fui aceito. Eu. Que estava longe fisicamente desse universo. No começo demorei para acreditar, devo ter apertado F5 várias vezes no site, só para confirmar meu nome ali na lista.
E com isso a gente volta ao paragrafo inicial deste texto.
Sim, o tempo longe realmente me fez bem, me sinto mais maduro na aulas, mesmo sem perder o meu lado “vou fazer uma piada semi-engraçada só para quebrar o gelo com as pessoas”. Ainda sinto frio na barriga antes do inicio das aulas, mas aquela sensação inicial de “será que fiz a coisa certa” já sumiu. Sim, eu escolhi certo, por mais incrivel que pareça. Me agrada muito os pontos de vistas diversos que surgem nas aulas. É uma turma grande, com 43 alunos, com projetos e ideias diversos, o que dá pano para muitas conversas legais.
Mas nem tudo são flores. As vezes sinto que, principalmente na disciplina do periodo da manhã, as discussões não são muito profundas. Parece que ficam patinando na superficie, porém acredito que parte disso é culpa da didática dos professores e a outra parte é culpa da grande quantidade de textos para cada aula. Eu não consigo ler tudo e dúvido muito que alguem lá consiga. Talvez o pessoal que não trabalha, mas não me arrisco a dizer que isso possa ser uma verdade. O mesmo não acontece com a disciplina da tarde, a quantidade de texto é bem menor e a professora sabe como instigar a discussão.
Outro fato é o quão velho e o quão novo esse ambiente me faz sentir. Velho pois vejo muitas pessoas que acabaram de entrar na graduação – seja lá qual curso – e acabo lembrando da minha época. E também por perceber que os calouros estão entrando cada vez mais cedo. Semana passada, enquanto esperava a minha vez de ser atendido no “xerox”, ouvia a conversa acalorada de uns calouros. E eles estavam discutindo idade. Pela conversa, percebi que o mais novo ali tinha 18 anos e o mais velho, 21. Já a sensação de novo vem do fato de que tudo é novidade. Até alguns locais do campus foram reformadas e novos locais foram construídos.
Não vou comentar aqui neste post sobre o meu projeto, vou esperar ele amadurecer mais. Ainda tenho leituras para fazer, reuniões a realizar com meu orientador e com os objetos de estudo. Aí quando eu achar que vale a pena, comento sobre ele aqui, sua evolução e afins. Por enquanto este post é baseado na primeira pergunta que a professora faz, na disciplina da tarde: “e aí, pessoal, sensações?”
Wag, meu querido, pra quem gosta de aprender, sempre encontrará algo que te renove a sensação da novidade. Já quanto à “velhidade”, relaxa! Vamos fazer 50 anos algum dia e sempre nos surpreendemos quando algo no meio do nosso dia nos lembra nossa idade. É parte da vida.
E sobre o mestrado, siga firme. Talvez seja a primeira vez que verei com um puta orgulho um amigo concluindo o mestrado.
Tamo junto e mestrado, irmão.