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Minhas lembranças dos shows do Lobão

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O primeiro show do Lobão que fui, foi em um sábado que atipicamente trabalhei durante o dia, e foi a primeira vez que pisei dentro do Circo Voador. O show de abertura foi da agora bem conhecida Cachorro Grande, mas na época, não fazia idéia de quem eram os garotos de terno empunhando guitarras. Cheguei a me enganar que a grande influencia deles sem dúvida seria o AC/DC, algo que não condizia com que eu descobriria mais tarde que os Beatles eram A inspiração.

Não me recordo muito bem do show do Lobão, só da parte que ele chamou a Cachorro para o palco, plugando suas guitaras no último volume, demais sabe, tocando Helter Skelter, nada mais perfeito, e desde aquele dia, via como sendo a banda ideal para acompanhar o velho Lobo, até o show de sábado retrasado, mas isso é papo para mais a frente.

No show seguinte que fui dele no circo quem abriu foram os engraçados Nelson & os Gonçalves. Há sempre nos shows dele um ritual de pedir a platéia – como posso dizer – uma Maria Joana, e o público puxa cada um a sua para oferecer. Eu não estou entre estes, mas compreendo a molecagem, e sempre acho maior graça.

Pulando logo para um show seguinte, na minha memória, me recordo da subida da cidadã no palco do Circo Voador sentando no colo de Lobão e levantando a sua camisa mostrando seu par de seios. Já que não é um show do Kiss, não desmerecendo as gatas que sempre vão, não era o tipo de beleza que ainda somos capazes de compreender, mas válido sem dúvida.

E logo, um povão subiu ao palco para ficar lá pulando, coisa de louco. Curtindo sua fase acústica, no show seguinte que fui do Lobão, aquela coisa fina, mas, com um retorno péssimo, que fez o João ter seus momentos que me lembraram seu eterno amigo, Tim.

E finalmente chego ao show de um sábado passado. Na semana em que Michael Jackson morreu, Lobão não deixou passar batido, iniciou deixando o público boquiaberto e risonho, executando I’ll be there, claro a sua maneira prá lá de rock n roll, chegando perto do final mandando um: “Vai com Deus, Michael!!”, hilário, típico do seu já conhecido senso de humor.

E seguiu tocando músicas do “canções dentro da noite escura”, o Black Álbum do Lobão. E eu e uns acho 10 fãs, fazíamos aquele corinho agradável frente ao palco, demonstrando que nós sabíamos do que ele estava falando. Boa Noite Cinderella, é um blues para ninguém botar defeito, mas sem levada de blues, é meio Led Zeppelin: “Uma abobora por um detalhe…uma rosa por algum espinho…uma vida só por uma noite, uma noite por algum carinho, eu só preciso de mais um pouco para me curar desse deserto”.

Por aí. Eu ouvi ele comentar uma vez que era uma música composta para Cássia Eller cantar, e se você pegar o cd para escutar pode reparar que no final, se percebe que ele chora, algo dito uma vez por ele ser brega, gente se emocionando com a própria música que nem Elis Regina.

Seguiram-se as músicas, e ele retorna no tempo um pouco cantando sua primeira tacada no mundo da independência, a música Mais Uma Vez: “Às vezes é melhor, deixar a onda passar, as vezes é melhor virar a página e recomeçar, mais uma vez…e quebrar todas as promessas e atacar”. E logo, toca a sua música a qual tenho um problema sério.

Trata-se de A vida é doce, que sempre faço questão de gritar os últimos versos quando vai chegando o final: “Tão depressa!! Tão depressa!!”. Acho que um dia vou pedir para alguém gravar esse momento, para talvez eu para de fazer isso, constrangedor, devo dizer, e me consome emocionalmente de tal maneira, serve como um bom desabafo.

Por falar em coisas, desagradáveis, uma das coisas que Lobão simplesmente odeia, é gente pedindo hit, ele já manda: “Não rola…nem lembro a letra dessa música”. Nessa ocasião ele que já vive em São Paulo a pelo menos 3 anos, e apresenta o Debate Mtv, chega a cuspir na carioquice: ”Um bando de bossanovista falso…meninas de família cantando samba”, tal uma Rita Lee em aniversário de São Paulo, que alias lhe rendeu uma nova música que ele tocou na hora, a despeito das implicâncias bairristas. Elza Soares apareceu no palco cantou umas com Lobão.

Lá pelo final, ele agradece aos que agüentaram as provocações. Lobão é assim, o melhor show dele sempre será o próximo, pois ele manda muito bem.