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Madam C. J. Walker (ou porque eu não posso ficar tanto tempo sem escrever)

Madame C J Walker, ou Sarah Breedlove, foi uma inventora, militante e empresária negra dos Estados Unidos. Ela nasceu em 1867, quatro anos após a lei que libertava os escravos estadunidenses, e morreu em 1919. Sarah está no Guinness Book como “a primeira mulher negra a ficar milionária com o próprio trabalho”.

A primeira vez em que soube da existência desta pessoa foi em 2018, por meio de um podcast. Eu também já havia comprado alguns meses antes (mas não havia lido ainda), um livro ótimo chamado “Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes”, em cujas páginas (no volume 2) também está registrada uma parte da trajetória desta que, pelo que contam, parecia ser uma Mulher com M maiúsculo.

Ilustração da Madame C. J. Walker, mulher negra com os cabelos presos em coque, usando brincos de pérola. Acompanha a imagem uma citação "Não estou satisfeita em ganhar dinheiro só para mim. Eu me esforço para oferecer emprego a centenas de mulheres negras."

Sarah Breedlove fundou sua própria marca de produtos cosméticos para cabelos crespos, após quase ter perdido seus cabelos por problemas de saúde. Ela conseguiu tornar-se conhecida e expandir seus negócios, tendo contratado principalmente mulheres negras para trabalhar para ela e “share the wealth” (dividir a riqueza). Seus produtos chegaram a ser revendidos em todo o país e em Cuba, Jamaica, Haiti, Panamá e Costa Rica. Madam C. J. Walker foi também uma filantropa, pois lutava para melhorar a condição à qual sua família e sua etnia eram submetidos, nos Estados Unidos do começo do século XX.

A Netflix (Alô, Netflix! Paga nóis!) lançou no fim de março a série “Self Made: Inspired by the life of Madam C. J. Walker”, baseada no livro escrito por sua tataraneta, a jornalista A’Lelia Bundles. Obviamente, na série foram inseridos conflitos e reviravoltas bastante cadenciadas, dada a extensão da narrativa contra os quatro episódios de aproximadamente 45 minutos cada. Sabe aqueles dias em que tudo o que poderia dar errado dá? Pois então, parece que a Madame tinha vários desses dias…

Cartaz da série. A atriz Octavia Spencer veste um casaco verde, tem os cabelos bem arrumados em um coque e está rodeada de rosas.

A atuação de Octavia Spencer é brilhante. A atriz já foi premiada anteriormente por seu papel em “Histórias cruzadas” (2012), “Estrelas além do tempo” (2016) e outros trabalhos. Segundo a tataraneta de Sarah, os produtores pesaram a mão em alguns detalhes, mas no todo a série é uma ótima pedida para divertir e fazer refletir. Há cenas emocionantes, há cenas revoltantes, e não é de longe um programa que não deixará nenhuma marca no espectador.

Em tempos de pandemia, em que muitos devem estar em casa com (talvez) um pouco mais de tempo livre, fica aqui a sugestão para investi-lo. Baixe no site da editora um trecho de cada livro, ouça o podcast de Mafoane Odara, assista à série, e depois volte aqui para nos contar o que achou!

https://twitter.com/ronkerajii/status/1245085810791075840
Se a Madame estivesse viva ainda hoje, o que será que ela diria desses vídeos?

Cheers, S.K.