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Tonight We Riot

Aristóteles disse que somos seres políticos por natureza. Não há como não ser político, pois todos estamos inseridos em um contexto social e de relações. Sabendo disso, tudo o que a gente fala, faz ou consome tem acaba sendo um ato político, e este é guiado por um conjunto de ideias que chamamos de ideologia.

Olhando na wikipédia, encontro esse trecho que corrobora o que eu falei no paragráfo acima: “O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à Pólis, ou cidade-Estado grega. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana.” Ou seja, o simples fato de você decidir jogar o lixo na calçada, ao invés da lixeira, pode ser interpretado como um ato político.

Fiz essa introdução para deixar claro que é uma grande besteira achar que justamente nos videogames não teria política. Até o fato de fazer um jogo que não vai abordar política acaba sendo uma escolha política. Sonic traz uma mensagem ecológica. Street of Rage é sobre ex-policiais que resolveram fazer justiça com as próprias mãos. Isso sem contar os vários Battlefields e Call of Duty. Todos são jogos políticos, que trazem uma visão de sociedade embasada na ideologia dos seus criadores e criadoras.

Tonight We Riot, produzido pelo estúdio Pixel Pushers, é um jogo que não esconde que vai falar sobre política. Alias, ele deixas claras que um jogo político com viés de esquerda. O jogo é sobre trabalhadores se revoltando contra as injustiças do mundo capitalista. Ou seja, é uma crítica ao mundo que vivemos, divididos em classes sociais e o que define não é quem você é, mas sim quantos bens materiais você possui.

Não sou eu fazendo uma leitura mais profunda do jogo, o que eu escrevi acima é basicamente o que aparece antes da tela inicial do jogo. “Aqueles que não possuem os meios de produção nunca saberão o que é a verdadeira liberdade” é uma frase que aparece na introdução.

Ok, mas como é o jogo. Usando uma arte pixelada, ele me lembrou muito o Okhlos. Você vai controlar um personagem principal e vários outros ao mesmo tempo, uma turba enraivecida contra o sistema capitalista. Utilizando o teclado ou joystick, você pode dizer onde os personagens devem ir ou o que devem atacar. E conforme chega perto de outras fábricas, você pode convocar mais trabalhadores para a sua manifestação.

Quem nunca jogou algo nesse estilo pode até ficar perdido no começo, pois com o teclado você controla seu personagem e com o mouse o restante da multidão, mas nada que dois minutos jogando já não te faça entender a dinâmica. Citei mouse e teclado pois é como eu joguei, mas dá para fazer tudo isso através de joystick, que não tentei ainda. É possível chegar no modo cooperativo, sendo as duas pessoas controlando as multidões, e com isso a dificuldade também aumenta.

A música possui um ritmo eletrônico e que faz ter um senso de urgência e agitação. Particularmente ela me cansou rapidamente, no fim da primeira fase eu simplesmente baixei o volume. Quando você entende a mecânica, dá para fazer isso e jogar ao mesmo tempo que escuta um podcast, por exemplo.

Por fim eu recomendo todos a jogarem, pois além de divertido e desafiante, pode te fazer pensar o quanto explorado somos e se não está mesmo na hora de sair quebrando tudo até construir um mundo em que o poder esteja, de fato, na mão dos trabalhadores. E se essa vontade não bater, quem sabe faz você refletir sobre nossa sociedade. Você pode obter essa música no Mimp3

https://www.youtube.com/watch?v=A6fqavi8Too