Blablaísmo

Blá blá de qualidade

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Singularidade quântica portátil

Consegue até consumir luz, tempo e gravidade.

Uma das coisas mais complicadas de se fazer na vida, para mim, é comprar carteira.

Toda vez que eu vou procurar uma carteira para substituir a que está em uso, fico espantado com os valores praticados. É simplesmente inconcebível o ato de se gastar oitenta reais em um lugar para guardar esse dinheiro que não existirá, pois gastando essa quantia eu já não terei mais o que guardar nele porque para fazer um bom uso dele eu, supostamente, deveria ter mais dinheiro do que gastei na carteira. Convenhamos que esse não é o meu caso.

Aliado a esse imbróglio temos o fato de as carteiras masculinas (?) formarem um infindável universo de modelos dos quais pelo menos metade me desagradam. Como sou um pouco menos jovem, um dos requisitos que mais levo à sério é o de ter plastiquinho. Sem aqueles plásticos onde normalmente se colocam cartões, documentos, fotos de entes queridos, cartões comerciais que você nunca sabe onde enfiou, ingresso antigo de algum show, cartão do plano de saúde ou SUS, eu não costumo gostar. Apesar de as novas tecnologias terem avançado a ponto de quase não ser mais necessário esse requisito principal, já que as fotos desbotam, os ingressos ficam com a tinta agarrada no plástico e a maioria dos planos de saúde terem cartões virtuais, ainda me sinto preso a isso. Vai que dá vontade de ver a foto do mozão e o celular está descarregado? Nunca se sabe, mas já comecei o processo de desapego desse quesito, o que pode ampliar a gama de modelos no rol já imenso já que a maioria desses plastiquinhos já conseguem comportar as identidades.

Por falar em documentos, esse também é um pesadelo na hora de eleger um substituto para o depósito de traças. Atualmente tenho de me preocupar com minha identidade porque ela é o recheio do sanduíche que minha carteira faz cosplay. Não consigo descrever o frio na espinha que se espalhou pelo corpo quando achei que havia perdido a documentação e tive de ligar apenas 78 vezes para a esposa e quase desfalecendo no meio da rua. Não que hoje em dia seja complicado de se tirar uma segunda via, principalmente se você sabe o número de cor. Só que eu vim de uma geração que tirava foto e a colava na folhinha para aí sim plastificar. Ainda se plastificava identidade na minha época. Saudades Instituto Feliz Pacheco só que não.

Caso eu acreditasse nessas coisas, eu deveria ser do signo de gêmeos de tão indeciso que fico na hora de escolher e achar que está muito caro e seguir com a velha e surrada carteira, mas isso é coisa de ariano safado.

No fim das contas, o que vale é estar contente com o que se tem mesmo que seja um clipe de papel, como muita gente chique faz, ou uma sacolinha plástica. Tanto faz para um povo que em sua maioria já não tem muito o que carregar na carteira.