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[MCP5] Blog ainda existe?

Ainda me lembro com carinho do longínquo ano de 2006 quando descobri, mesmo que numa situação ruim, o mundo dos blogs.

Naquela virada do dia 24 para 25 de dezembro eu estava trabalhando sob uma escala totalmente injusta e possivelmente punitiva, já que meu companheiro de trabalho queria ter folgado no ano novo e cada um teve aquilo que não queria. Tédio, frustração e tristeza me levaram a passear pelos recônditos dos blogs dos mais variados tipos e textos uns mais legais do que os anteriores. De tanto vê-los pensei: acho que consigo fazer isso também. Então no dia de natal daquele ano nasceu o Coçando na rede, meu primeiro blog onde escrevi as mais diversas bobeiras e trivialidades que se possa imaginar, mas naquela época não havia tantos textos, rede social só um tal de Orkut, mas ninguém curtia muito escrever o vindouro textão e os blogs flutuavam de um básico diário virtual a um local de reflexão, trocas e até mesmo expressões artísticas.

Como tinham vários entusiastas da novidade tecnológica, muitas comunidades surgiram de blogueiros/bloggers dos mais variados tipos e muita, mas muita gente interagia, trocavam links e comentários, interagiam e muitas amizades surgiram e até hoje se mantém. Inclusive conheci a amada esposa ❤ numa dessas trocas de comentários em nossos respectivos sites. Os blogueiros, não no sentido instagrâmico da coisa, para dar mais vazão à sua criatividade, criavam desafios, os maravilhosos selos, TAGs/Memes e muitas outras atividades, presenciais ou não. Como podem ver a minha pessoa em 2008 em um Blogcamp representando este ilustre desconhecido blog.

Também vi várias palestras, não foi só videogame!

Com o passar dos anos vimos definhar as interações, textos que facilmente teriam 28 comentários, hoje mal tem 20 visualizações. As redes sociais tiraram um bom naco dos potenciais leitores e também dos escritores. Tinha uma preocupação constante que habitava, principalmente a minha cabeça, sobre o tamanho ideal de um texto, pois quem leria um texto de mais de 4 parágrafos antes de fechar a aba ou descer em busca de outros textos. O Twitter surgiu e ao invés de textos elaborados, dava pra realizar postagens de até 140 caracteres e favoreceu ao surgimento (ou reaparição) dos microcontos.

Após um tempo massificou-se, mas nem tanto assim, os podcasts e muitos blogs foram criados apenas com o intuito de servir de plataforma de divulgação dos áudios. Inclusive tivemos um muito bom que infelizmente veio a ser finalizado, mas deixará saudades incríveis, principal e quase exclusivamente para aqueles que o faziam.

Cada vez mais eu via os blogs que acompanhava acabando, se fundindo (eu mesmo vim para este a convite do Wag e agradeço até hoje) ou lutando bravamente para resistir. Por isso grande parte do ano penso: será que ainda faz sentido blogar? Será que há ainda o que falar? Será que a mídia já não perdeu sua força ou importância? A resposta eu venho me dando a cada ano através dos meus textos que deixaram de ser pseudo-engraçadinhos cheios de cacos de um início de jornada ao automelhoramento e vez ou outra exercitava a escrita sobre algum assunto não tão engraçado, apesar de eu amar falar besteira. Quem tem o prazer (?) de conviver comigo sabe o quão besta eu posso ser. Que a Esposa não leia isso, pois ela vai dar risada e salientar o tanto que gosto de piadas ruins. Admito que minha produtividade tenha caído, mais pelo estresse do dia a dia e como isso vinha impactando sobre mim ao longos dos últimos anos e como isso acabou virando uma bola de procrastinação imensa que me engolia vivo. Este projeto mesmo é uma tentativa de me fazer pegar no tranco e acabo variando entre Meu querido diário e alguma coisa que aconteça no mundo.

Muitos escrevem por obrigação, outros por necessidade. Mesmo que eu tenha dado uma de Mestre Ancião e tendo apenas um batimento cardíaco por ano, meus textos no caso, ainda consegui me manter ativo. Mesmo que às vezes o texto surgisse, maturasse e morresse na minha cabeça mergulhado no cansaço do cotidiano. De 2006 para cá meu tempo “livre” caiu drasticamente e escrever teve de disputar espaço com as mais diversas atividades e por muitas vezes saiu perdendo.

Então sim, blog ainda existe, blogueiros resistem e textos precisam ser escritos e lidos. Interação é bem-vinda, mas deixou de ser o objetivo e depois que me libertei dessas amarras pude começar a me divertir verdadeiramente com as palavras.

Aproveito para relembrar as raízes desta atividade e indicar o blog do querido Rafa Barbosa. Leiam, vale muito a pena!

Até amanhã.