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O orfanato da srta. Peregrine para crianças peculiares

Acabo de ler a última página deste livro tão peculiar quanto seu título e venho trazer a vocês minhas impressões bem frescas para este desafio literário (quase em cima da hora).

Como bem levantado pela Marcia em seus textos, também evito assistir aos filmes de livros que tenho interesse de ler ou vice-versa. Entretanto em alguns, felizes, casos após assistir ao filme eu fico instigado a ler a obra que deu origem àquela adaptação cinematográfica. Aconteceu com Eragon (que vale um post futuro sobre minha teoria da disparidade entre as duas mídias) e não foi diferente com, para encurtar o nome do livro, srta. Peregrine.

O livro tem todos os requisitos de uma boa história que estamos acostumados a ver ultimamente. Um jovem deslocado que tem um mentor, no caso seu avô, sempre desejou que algo incrível acontecesse em sua vida, descobre que faz parte de um legado que é extraordinário e vai em busca dele para lutar contra uma grande ameaça.

Longe de ser surpreendente em seus elementos, o autor surpreende em dois, bons, aspectos: conta uma boa história, com doses de ação e história sem ser maçante e dá algumas informações sobre as origens e costumes daqueles seres peculiares e as fotos. As fotos são um show à parte e se encaixam muito bem com o clima do livro fazendo até Tim Burton se questionar se não teria sido ele a escrever esta história. Inclusive ele acabou dirigindo a versão que chegou aos cinemas. E por falar na adaptação, houve algumas bruscas mudanças em personagens, história e desfecho que acredito ter sido feitas com um propósito de conseguir contar uma história em quase duas horas. Nesse ponto devo dar o braço a torcer e salientar um ponto muito bem levantado pela Marcia e dizer que não conseguia tirar a imagem da atriz Eva Green como srta. Peregrine apesar de meus esforços. Acredito que a personagem que tive mais facilidade de desvincular de sua imagem cinematográfica foi do menino Millard Nullings por motivos que ficariam muito óbvios. Alguns personagens foram suavizados e outros até misturados ou trocados. Mas a versão que foi aos cinemas passa longe de ser fiel ou muito díspar do que encontramos no livro. Inclusive a questão das fendas temporais, acredito, foram melhor trabalhadas no livro e instigou a ler o segundo com a premissa de viagem no tempo que é um assunto que muito me interessa.

Minha fruição talvez não tenha sido plena por estar infectado com as imagens mentais das personagens, mas não foi um tédio. Eu estava mais preocupado em encontrar os pontos distintivos da obra do que a história em sim, até porque já conhecia o enredo e como mais ou menos terminaria, mas posso dizer que, ainda bem, não são tão parecidos assim, mas está muito bem fechado e com um bom gancho para a sequência: Cidade dos héteros Etéreos.

Recomendo muito o livro e caso tenham interesse em assistir ao filme, recomendo que o façam após ler o livro para que não corrompam muito suas construções de imagem das personagens!