Blablaísmo

Blá blá de qualidade

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A maior besta do universo

É capaz que eu seja uma das maiores toupeiras culturais a pisar na face da terra. Com isso em mente podemos prosseguir com o andor.

Não é de hoje que eu percebo a diferença entre meu entendimento das coisas e o senso comum ou de um determinado grupo. Talvez por idiotia, ignorância ou alienação. Quem sabe seja tudo isso somado a uma dose cavalar de burrice.

Sério que o filme foi tão ruim assim?

Um fato que me ajudou a começar a refletir sobre isso foi o filme Batman vs Superman – A origem da justiça. Ao longo da semana de estreia do filme acompanhei a esmagadora maioria de meus conhecidos de e fora da internet bradarem em uníssono o quão horrendo e nojento foi o filme. Nem toquei no nome Martha para não ser alvo de alguma violência física ou verbal. Concordamos que o filme tem uma grande falha de roteiro e algumas coisas não faziam tanto sentido. Mesmo que o ambiente proposto pelo diretor e o roteirista, tenham deixado claro o porquê de aquilo tudo ocorrer como ocorreu, quem conseguiu enganar quem, mesmo desrespeitando alguns sensos comuns para qualquer um que acompanha a mitologia das personagens há pelo menos mais de 5 anos. Mas nada disso conseguiu destruir minha fruição e achei o filme bem feito para a proposta de um recomeço do universo DC nos cinemas. Histórias boas não faltam, mas é necessário que se saiba contar uma história, respeitando a mitologia criada sobre esses ícones. Então eu deixo um recado para os amigos: FILMES DE QUADRINHOS NÃO SÃO FEITOS PARA FÃS DE QUADRINHOS. São feitos para ganhar dinheiro e atingir um público imenso além desse nicho. Só que se uma ameba intelectual percebeu isso, eles já devem ter matado essa charada faz tempo, mas mesmo assim continuam a ficar muito pistola™ com o desenrolar das coisas.

Entretanto isso não é exclusividade do filme, que foi um ótimo ponto de partida rumo ao conhecimento de minha imensa ignorância, pois em muitos casos eu não consigo enxergar as coisas ruins de várias coisas. Sejam livros, quadrinhos, música, textos acadêmicos e por aí vai. Claro que até o momento também podemos inferir que nada como um pouco de treino poderia melhorar meu senso crítico, mas para muitas coisas eu me pergunto como treinar. Indo um pouco para os quadrinhos, eu não consigo avaliar profundamente uma obra, porque acabo me limitando ao gostei/não gostei e algumas impressões tão superficiais quanto a anterior. Não sei se é uma dificuldade pelo efeito sinestésico ou o fato de ter de realizar duas leituras ao mesmo tempo (a gráfica e a escrita) que possam me atrapalhar. Talvez eu conseguisse se fosse algo gritante como o Lanterna Verde agindo tal qual o Aquaman. E o Aquaman é outro assunto o qual me sinto um pária, pois toda a sociedade, internética ou não, decidiu que a personagem é inútil e cômica. Talvez o ato de escalar o Jason Momoa como o rei atlante tenha sido um dos grandes esforços para tentar amenizar ou acabar com a chacota da DC. Mesmo assim eu nunca consegui enxergar a personagem assim. Muitos têm essa visão devido ao maravilhosamente horrível desenho dos Superamigos da Hanna-Barbera. Amigos, aquele desenho todo é uma ode ao ridículo, mas era o que dava para passar no horário que passava e atingir o público-alvo que se pretendia.

Como era maravilhosamente tosca essa animação!

Quisera eu que toda essa minha falta de traquejo crítico fosse apenas para a cultura pop. O fato é que eu também não consigo me aprofundar, tratando-se de análise, em muitos dos livros e textos acadêmicos que leio. Outra vez sinto-me tentado a pensar que possa ser falta de prática ou orientação e talvez até seja, mas não descarto o grande percentual de falta de capital intelectual no meu banco mental.

Para o bem ou para o mal, sigo fruindo minhas coisas com essa simplicidade que só o simplório é capaz de realizar.