[MCP4] Um gesto de amor
Nós descobrimos várias coisas quando a necessidade aperta. Pelo menos foi assim que eu descobri que gostava de cozinhar. Nunca tive muita segurança para cozinhar, mesmo minha mãe já tendo me ensinado, e só consegui alguma autonomia na cozinha depois que meu primeiro arroz deu certo. Na primeira tentativa, claro. Arroz é muito fácil de fazer. Mas o feijão necessitava de habilidades que estavam além das minha capacidades físicas e psicológicas, mas a fome, e a falta de ferro, me forçaram a tentar. Aquele grande vilão transformou-se no meu maior aliado e praticamente nomeei minha panela de pressão de Vegeta.
Cozinhar é um passatempo muito legal e praticamente qualquer pode ser cozinheiro. A internet está aí para isso e não é só aquele depósito de ódio e chorume intelectual que estamos acostumados a ver pela rede. Só é complicado seguir um pouco as regras. Pensando bem, cozinhar parece um jogo, ou até mesmo um quebra-cabeça. Só seguir o passo a passo que você terá um resultado delicioso. Ou não.
Minha maior dificuldade na cozinha é com as massas. Nada do que fiz com massa deu certo, exceto bolo. Pão, três tentativas e três desastres. Macarrão, não sou maluco de tentar (fazer a massa). Pizza, ainda me aventurarei, mas prevejo dor e sofrimento. Mas quando a massa já está pronta, como no caso dos macarrões, eu consigo me virar. Não fica maravilhoso, mas me orgulho de não comer miojo há mais de dois anos. Tirando umas duas vezes que eu estava com muita vontade de miojo. Macarrão instantâneo é comida oficial do solteiro preguiçoso e só estando com muita fome e muita preguiça ao mesmo tempo você comerá aquele bolinho de sódio frito.
Falando em macarrão, muitas pessoas possuem um prato predileto. Alguns elegem um prato caro, ou que considerem chique, ou o atual gourmet. Eu sou bem sincero quanto ao meu gosto e paladar: Macarrão fusilli com salsicha, catchup e queijo ralado (opcional). É uma receita simples de fazer, por isso mesmo rápida e muito saborosa. Não sei se pela quantidade de flavorizantes, conservantes e corantes que a salsicha tem, mas deve ajudar bastante.
No ato da cocção meu maior vício é colocar uma quantidade maior do que razoável de alho. Esse maldito condimento é muito bom. Certa feita em minha tenra juventude, masquei uma fatia de dente de alho e tive de ter muita força de vontade para não mastigar minha própria língua que estava deliciosa. Se o ato de fritar reveste os alimentos de uma aura de “gostosidade”, o alho faz isso com menos perigo e calorias. Outro condimento versátil que gosto muito é a mostarda escura. Além dos queridinhos orégano e curry. É muito difícil faltar um desses ingredientes em minha cozinha. A pimenta do reino entrou há pouco tempo na minha galeria de condimentos queridos.
Mas o melhor de cozinhar é poder comer coisas novas. Sou um aventureiro gastronômico e só consigo julgar se uma comida é ruim após prová-la. Então depois de 35 anos de experimentações, elegi o que singelamente chamo de tríade do demônio: giló, quiabo e berinjela. Se bem que no meio do primeiro semestre me permiti violar minha própria regra de não comer nada da tríade e provei uma iguaria árabe chamada baba ganoush. Que é a mistura de tahine, berinjela e suco de limão. E pude colher os louros da minha coragem gastronômica descobrindo essa maravilha deliciosa. Muito bom com torrada, pão sírio ou qualquer outra coisa. Deve ficar bom até com cereal.
Meu próximo desafio será uma carne assada que já estou enchendo o saco da minha sogra há um tempo perguntando da receita e se tudo der certo, o negócio sairá bem gostoso. Quem sabe eu poste as fotos por aqui?
Até amanhã.
Eu não me apaixonei pela cozinha. Continuo não gostando. Infelizmente.
Quando você comeu a tal da baba?