Gilmore Girls: Um Ano Para Recordar. Os fãs mereciam algo melhor.
Já vou deixar claro aqui, no primeiro parágrafo, que esse Um Ano Para Recordar, de Gilmore Girls, foi bem fraco. Agora você pode escolher entre entender porque achei fraco ou ir direto aos comentários e me xingar.
É fato conhecido entre os fãs que Amy Sherman-Palladino (criadora e roteirista) não estava mais na produção da série em sua última temporada, em 2006. E que a série terminou de um jeito que não agradou os fãs. Até que no ano passado tivemos o anuncio de que um especial, em quatro episódios, seria gravado e transmitido pelo Netflix.
Uma série com uma grande base de fãs e na plataforma de videos preferida do momento. É unir o útil ao agradável. E a cereja desse bolo seria o retorno da Amy e de seu marido, Daniel Palladino, na produção e roteiro. Convenhamos, tinha tudo para dar certo, não acham?
E deu certo. Mas não tão certo assim.
Esse especial, intitulado “Um Ano Para Recordar”, é basicamente o que deveria ser a última temporada, caso o casal ainda estivesse no comando da série. A ideia foi interessante, a execução nem tanto.
A parte interessante foi resolver o conflito Emily-Lorelai. O ponto mais alto desse conflito foi a forma como ambas lidaram com a morte de Richard (infelizmente o ator de fato faleceu, em 2014) e como isso fez com que elas tivessem que, finalmente, se entenderem.
O estranho foi a parte Lorelai-Rory. A história se passa 10 anos após a última temporada, Rory tem 32 anos, mas age como se tivesse bem menos que isso. Alias, a impressão que se tem é que ela ainda tem 23 anos. Acredito que a intenção era aproveitá-la para tirar um sarro dos millennials – algo que fica bem claro no último episódio – só que ela já agia como uma lá na sétima temporada. No primeiro episódio é dito que ela conseguiu publicar alguns artigos e fica, meio que implícito, que ela conseguiu chamar a atenção revistas e sites.
Como a série toda bateu na tecla que a Rory era uma pessoa mais organizada, era de se esperar que dez anos depois ela estivesse melhor acomodada, não sem um lugar para morar, e com suas coisas espalhadas nas casas de amigos. No fim, o acontecimento para ela finalmente entender que ela precisa se organizar é… estar grávida.
Lorelai ficou grávida com 16. Se a Rory também tivesse ficado grávida aos 23, a ligação mãe-filha seria excelente. Mas ficar grávida aos 32 anos não teve o mesmo impacto (convenhamos, não causa surpresa nenhuma se alguém tiver um filho entre seus 30 e 40 anos). Ainda mais porque no último episódio dicas são dadas, o que tornou tudo até que previsível. Ao fim, a impressão que passa é que a Rory foi o que a Lorelai teria sido se não tivesse ficado grávida muito cedo.
Por isso eu achei fraco. Se isso tivesse sido a sétima temporada, teria terminado bem. Voltando agora, ficou com a impressão de que esse revival só aconteceu porque os criadores conseguiram uma forma de terminar a série como eles queriam. E só. Fãs de Gilmore Girls mereciam algo melhor.