Blablaísmo

Blá blá de qualidade

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A vida na palma da mão

Os anos 1990 foram marcados por várias coisas. Uma delas foi o boom de celulares, principalmente os pré-pagos. Após anos tendo que esperar ser sorteado na loteria das estatais para adquirir sua linha telefônica móvel que custava uma pequena fortuna e chegou até a ser passada como herança de família, as empresas de telefonia trouxeram uma infinidade de modelos e planos a um custo, mais ou menos, acessível.

Por volta de 1997 eu conquistei meu primeiro celular. Conquistei, não porque fui contemplado num sorteio, mas porque comprei com meus primeiros salários e por conta da imensa procura e não tão abundante oferta. Um lindo movistar amigo, da antiga telefônica (atual vivo).

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Motorola Multitac 3160

Lembro muito bem da animação das pessoas nessa época com os modelos mais modernos do que os antigos celulares analógicos, os famosos tijolões. Inclusive este modelo maravilhoso tinha a espantosa função de receber mensagens. Não enviava, mas eu recebia uns sms tenso da operadora, já naquela época, cobrando a recarga do celular. Foi com um frenesi que abri a caixa e vi algo como isso:

multitac 3160 na caixa
Uma visão da felicidade

Mas como tudo nem sempre são flores na vida, manter um celular naquela época e sem muitas pessoas para quem ligar ou até mesmo receber ligações era muito caro e inútil, por isso acabei passando o celular para meu bom e querido papai, que assim como eu, lembra até hoje do número do celular que inclusive gerou um episódio bem curioso. Certo dia tomado pela nostalgia telefônica, ele resolveu ligar para o antigo número e quando a pessoa que agora é dona da linha atendeu, ele a cumprimentou e comentou que já tinha sido dono da linha. Após 2min de silêncio tenso, meu pai refletiu que era uma insanidade o que estava ocorrendo, pediu desculpas e desligou o celular.

Esse foi o primeiro e único motorola que tive em minha vida. Logo após esse pequeno equívoco, começou o império Nokia. Não tenho muito bem em mente qual foi o meu primeiro Nokia. Por mais que eu me esforce para lembrar, eu não me recordo, então farei uma lista dos que me marcaram mais ou menos numa ordem cronológica.

Nokia 2651
Nokia 2651

Esse celular foi um dos primeiros da Nokia a ter flip. Eles tinha uma cultura há um tempo de lançar somente celulares inteiriços, mas voltaram com o flip nessa edição e ficou muito legal. Muito se assemelhava a uma cadeira de praia e uma das melhores/piores lembranças dele é a de nem ter saído da loja e eu deixei o bichinho cair (o que é bem raro que aconteça comigo) e eu ter um microenfarto enquanto alternava meu olhar entre o celular e o lojista que acabara de me verder o aparelho.

Nokia 3520

Esse foi o celular que começou a rachar todo aquele fanboyzismo (termo esse que nem sequer sonhava em aparecer pelo Brasil) que eu tinha pela Nokia. O celular era só maravilhas. Boas funções e inclusive conseguia acessar a internet móvel que era cara, tinha a tarifação mais complexa de se entender, era rudimentar, mas era internet! Só que com cerca de seis meses essa belezura começou a pifar e assim começou minha via crucis na autorizada Nokia. Somente após três meses na assistência técnica, nenhuma previsão para resolução dos problemas e uma rápida ida ao juizado de pequenas causas, reavi meu dinheirinho corrigido para que pudesse comprar outro celular. Depois de tantos problemas jurei a mim mesmo: nunca mais Nokia!

 

Nokia 1100
Nokia 1100

Nunca mais quero um Nokia na minha vida!, e então esse eu comprei logo depois do desastroso episódio com o 3520. Estava um pouco chateado com a marca, mas como não estava com dinheiro suficiente para comprar um de ponta e as outras fabricantes não me inspiravam confiança nessa faixa de preço (ele era um dos mais baratos), acabei adquirindo esta bela peça de tijolo. Ele era fininho, dava pra compor meus próprios toques polifônicos (bastava saber alguma coisa de escala musical) e tinha joguinhos, dentre eles o eterno clássico da cobrinha e uma muito útil lanterna. O ruim é que depois de alguns meses de uso o teclado se apagava e as teclas ficavam uma maravilha. Graças aos camelôs, eu tive acesso a outras borrachinhas que compunham o teclado e tudo voltou a ficar lindo. Depois de comprar meu próximo celular, esse foi passado para minha irmã, que passou para minha mãe que não lembro onde foi parar. Inclusive essa era uma prática muito comum naquela época, já que os aparelhos duravam mais e muito raramente você conseguia quebrar as telas, mas nada que muito empenho e uma dose de distração não ajudem.

 

Nokia 6600
Nokia 6600

Esse foi um dos melhores e mais empolgantes celulares que já tive. A tela era enorme! Muito melhor para ver vídeos, jogar, acessar a internet e até tirar fotos. Você pode pensar que não era lá muitas coisas, mas naquela época foi um enorme avanço tecnológico. Além de ter sido protagonista de filme com a Kim Bassinger e o Capitão América. O bluetooth era melhor do que a primeira versão da tecnologia e ele era totalmente personalizável (uma coisa que acabou me levando para o Android), temas, papéis de parede e vários outros modos de deixar o celular com a sua cara, além de muitos jogos muito bons. Esse mora no meu coração cibernético.

 

Nokia 6131
Nokia 6131

Fiquei tão pouco com esse que mal me lembro de seu destino. Mas era muito elegante e prático. Além de ser também com flip. Gostava da câmera dele, apesar de ser vga.

Nokia N73
Nokia N73

O último aparelho dessa era CDMA/GSM (leia-se: não smartphone) que eu tive. O ano era 2008 e a transição dos celulares antigos para os telefones espertos estava em andamento. O iPhone era muito caro (e continua sendo), os outros modelos tinham uma tela sensível ao toque pior do que as telas dos caixas eletrônicos de banco, então optei pelo meu velho odiado amor telefônico. Tinha uma câmera muito boa para época e era uma categoria abaixo do meu tão sonhado N95, celular esse que nunca tive o prazer de possuir. Foi deteriorando com muita utilização, inclusive levou um banho de suor enquanto andava e falava com ele e após a ligação a tela estava piscando de uma forma não muito boa. Esperei secar e voltou a funcionar, mas nunca mais foi o mesmo, até que ele desgastou e finalmente parou de funcionar. Com ele morreu minha era de celulares que não tivessem telas sensíveis ao toque e a minha história com os celulares deu uma guinada. Se antes eu mudava de celular a cada seis meses, hoje em dia troco no mínimo de três em três anos, ou quando o celular apodrecer.

Com celulares que custam mais do que uma smart Tv e um notebook juntos, só me resta ficar na categoria intermediária, que diga-se de passagem, está muito boa, e criar um teto de preço acessível. Atualmente possuo um Zenfone 2 e sou muito feliz com ele. Não tenho a menor vontade de trocar de celular e espero que ele dure para sempre até quebrar.