Blablaísmo

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[MCP3] Arqueologia de si mesmo

Digitalizar0019

Eu sempre tentei escrever e sei que esse é um longo caminho a seguir. Escrever sempre, e nem sempre mostrar a alguém, mas só pelo gosto de escrever. Depois de um tempo, você pode ver o quanto evoluiu ao olhar o que o seu eu de anos atrás escrevia. Um misto de entusiasmo, vergonha e alegria te invadem e você pensa: ainda bem que não mostrei a ninguém. É interessante notar as coisas que pensava, motivava, as tentativas de contar uma história, por mais curta que seja. Explorar, dissecar um sentimento, uma situação ou o que for. Deixar a imaginação correr e tentar dar vida a personagens, deixá-los ter suas próprias experiências e vivências. Assim como na Autopsicografia de Pessoa, o autor também é um fingidor. Finge mundos, finge vidas e sentimentos. Brinca com as palavras, um verdadeiro pedreiro das letras, como na canção de Deolinda.

E como vocês têm percebido, esse Michel Contra o Papel está mais pessoal do que as edições anteriores. Conversar faz bem. E por isso trago a vocês umas linhas que escrevi em 2007 e deixei perdido pela internet. Compartilho um pequeno pedaço da minha cabeça daquele ano. E uma das coisas que percebi, além da melhora no português, é que apesar de tentar usas palavras deveras garbosas, a direção que estou percorrendo já estava decidida. Desculpem lá qualquer coisinha.

Adeus
Seu corpo inerte na cama onde outrora nos amávamos. Agora não mais.
Sinto a angústia de estar só e não ser correspondido, mesmo estando ao teu lado.
Ser ignorado é pior do que ser maltratado, agredido.
Nada lhe fiz, a não ser te amar, e mesmo assim não me ouves.
Silêncio.
Este é meu novo companheiro, que faz às vezes de irmão.
Quem sabe um dia entenderei o porquê de tudo isso.
Observar meu corpo frio e sem vida ao lado do teu ainda me angustiará pela eternidade…
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Até amanhã.