Monument Valley
Há jogos que você se sente um pouco estranho por ter terminado. Fica uma sensação de que algo está faltando. É o que eu senti quando terminei Monument Valley.
Monument Valley é um jogo para ios e android, criado pela USTWO. Ele se baseia bastante na forma como M. C. Escher desenhava, de forma que você não consegue distinguir corretamente onde começa e/ou terminar as partes do desenho. Mas a diferença é que os cenários são dinâmicos, você tem possibilidades de empurrar, puxar e girar partes dos cenários, criando assim novos caminhos e possibilidades. Você não tem várias vidas, não há punições, e além do personagem principal você encontra uns personagens pretos, que piam como gralhas, cuja função é só impedir que você passe por um determinado lugar.
Você controla a Princesa Ida, que está numa jornada por perdão. Mas perdão pelo o que? O que ela fez? Não interessa muito aqui. O foco do jogo é a jornada até chegar ao perdão e ganhar a sua liberdade. Sim, liberdade, pois, como dizem, o perdão liberta. Todo mundo que já pediu perdão sabe como é libertador quando se consegue.
Dessa forma, podemos ver cada fase do jogo como um passo adiante para sair da prisão da culpa e alcançar o que todo ser humano deseja. Sabe aquela sensação de que algo falta, que comentei lá no começo do jogo? É a liberdade, que nos deixa mais leve e com aquele sentimento de que algo está faltando, mas não conseguimos identificar o que é.
Eu iria dizer que o defeito desse jogo é ter apenas dez fases, mas pensando melhor, não é um defeito. É o jogo nos livrando dele, nos dando a liberdade de imaginar o que aconteceu após e o que deve ter acontecido antes. Um jogo sobre perdão e liberdade que nos liberta dele mesmo no fim.
Não sei por que esse jogo acabou me lembrando outro, Fez. Temática legal, mas chegaram a explicar que liberdade e perdão são esses?