Eu lembro com saudades da época em que comecei a mexer na tal da internet. Era uma fase de descobertas, onde todos entendíamos tudo e nada de computadores e ser jovem era sinônimo de ser entendido de computadores, vide aquela sua tia que sempre te pedia para instalar a internet em seu computador. Era engraçado como eu ficava revirando a lixeira dos andares do prédio onde eu morava em busca de cd’s de instalação de discadores que tinham um mês gratuito de acesso. A emoção de vigiar o relógio às 23h59min para poder conectar e pagar somente um impulso e não levar bronca dos pais no fim do mês. Naqueles tempos, muitos adolescentes perderam suas vidas, pelo menos as sociais, para o computador. Tudo era feito pensando no momento em que iríamos nos conectar, a possibilidade de conversar com pessoas de outros estados e não pagar DDD, praticar a arte da conquista on line, onde todos eram sinceros e tinham os melhores atributos que a mentira poderia inventar. Torcíamos para um site carregar, tomávamos banho, café e tempo aguardando uma foto carregar 100% e ficávamos espantados e empolgados por conseguirmos fazer o download de uma música em uma semana!

Acredito que minha progenitora esteja passando por algo semelhante ao que passei em minha mais tenra juventude com o que ela mesma denominou como “arma perigosa”, mas com toda a parcimônia de quem é regrado e não cai em vícios bobos. E o mais interessante foi constatar que enquanto eu imaginava que após o advento do smartphone, ela me mandaria mensagens a cada 15min, descobri que sou eu quem a atormenta e aguarda ansiosamente suas mensagens. Estou genuinamente feliz que ela tenha finalmente cedido às investidas minhas e de minha irmã e tenha concordado em ter um telefone com acesso a rede.

Ainda não recebi correntes nem fotos brilhantes, mas estou no aguardo. Só espero não figurar na página Minha mãe no whatsapp.

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Wagner Brito

Em 2007 eu criei esse blog. Desde então tem sido uma longa caminhada.