Ninguém ouviu meu coração quebrar
Em um dia muito tranquilo, eu já sem nenhum mangá para ler, deparei-me com um quadrinho novo e bem curioso. Decidi ler o One Shot e me arrependi profundamente. Paixão à primeira lida.
Koe no Katachi, belamente desenhado e criado por Yoshitoki Oima, foi publicado na Weekly Shonen Magazine (a mesma revista que publica Fairy Tail e Hajime no Ippo) no período de agosto de 2013 até novembro de 2014, conta a história de Ishida Shouya (lembrando que no Japão os sobrenomes são escritos primeiro do que os nomes) e sua turma do primário que de repente recebem a transferência de uma nova colega, Nishimiya Shouko. Só que essa transferência apresentaria uma revolução e um grande problema para sua classe: Nishimiya é surda.
No primeiro momento em que a viu, Ishida não acreditou no que estava acontecendo, assim como toda turma e o professor Takeuchi, inclusive.
O mangá nos apresenta um tema muito atual, o bullying. Toda a turma implicava com Nishimyia e especialmente Ishida, já que com sua cabeça de criança de 12 anos, a considerava de outro planeta. E com o passar do tempo eles pegaram pesado e em menos de cinco meses estragaram cerca de oito aparelhos auditivos da menina. Certo dia o diretor da escola se pronuncia querendo saber quem eram os responsáveis pelo bullying e informou que os aparelhos destruídos deram um prejuízo a família Nishimiya de cerca de catorze mil dólares. Logo todos acusaram Ishida e ele sofreu toda sorte de bullying também. Anos após sair do ensino fundamental e no terceiro ano do ensino médio ele, atormentado por suas ações do passado, decide reparar seus erros. Decide se matar, mas não sem antes tentar compensar sua mãe, cuja paciência foi testada aos limites e pedir desculpas ao seu antigo objeto de ódio gratuito. Porém quando a viu, após cinco anos do ocorrido, seu plano falha e acaba expondo seu ponto de vista de anos de reflexão e pergunta para ela se poderia ser sua amiga! Após o pedido ele percebe a cara de pau e a mancada que deu, mas surpreendentemente, Shouko aceita.
Com o apoio da União Nacional dos Deficientes Auditivos, Koe no Katachi é uma linda história que cortou meu coração com uma faca Ginsu e me fez chorar algumas vezes. Não sei se estou ficando mole com o passar dos anos, mas esse mangá te engana, aparentemente uma historinha boba que vai crescendo de tal forma que você não acredita na complexidade e nas questões que são levantadas durante a leitura. Infelizmente o mangá possui apenas sessenta e dois capítulos, mas foi feito com muito cuidado e dedicação. Outro ponto negativo do mangá foi que eu só parei de ler, após chegar na última página do último capítulo. Extremamente viciante.
Fica a recomendação de um mangá que tem muito mais do que jutsus ou piratas para oferecer e te leva a uma reflexão sobre a vida, relacionamentos e preconceitos. Caso queiram acompanhar, leia aqui. Não se esqueçam de prestigiar, caso alguma editora lance essa bela história em nosso país.
O rapazinho que era deficiente e precisava de ajuda…