Bate, bate, bate na porta do céu
“Desde os primórdios até hoje em dia o homem ainda faz o que o macaco fazia…”
Esse trecho de Homem Primata, dos Titãs, tem feito muito sentido atualmente. Mas pretendo abordar um tema que venho observando há tempos: atitudes impróprias involuntárias.
Não sei se vocês também já passaram por essa situação, mas vou tentar ilustrá-la.
Você está atrasado. Dormiu demais e acordou no desespero e saiu correndo de casa quando vai pegar a escada para ir mais rápido e chegar ao seu destino, você encontra um aglomerado de pessoas em frente ao primeiro degrau, ótimo, você pensa, porém quanto mais próximo você chega, percebe que as pessoas não estão subindo. Não. Estão animadamente conversando sobre os mais variados assuntos que permeiam nosso lindo planeta. E você tenta de todas as formas contorná-las, pedir licença, pular, dançar a macarena para chamar a atenção mas não consegue e consequentemente chega mais atrasado e cansado pela maratona.
Essa situação não se limita apenas às escadas, mas também é perfeitamente aplicável para portas, portões, corredores, porta de banheiro, escotilhas, capô do carro, festas de rua, porta do ônibus estelar, etc.
Acredito que no raiar da civilização humana, quando ainda habitávamos algumas cavernas, era necessário guardar sua entrada de intrusos e nada melhor do que guardar um local pela sua entrada, recebíamos os vizinhos que não queríamos dentro de nossa caverna do lado de fora mesmo e trocávamos ideias de onde colher as melhores frutas, onde estavam as melhores caças e até uma nova caverna para a próxima temporada de mudança. Talvez esse costume tenha ficado tão enraizado no nosso DNA, tentar proteger as entradas de coisas importantes para nós, assim como bons soldados às portas de cidades-estados na idade média, que ficamos tentados a socializar em frente a entradas. Quem sabe tenha algo a ver com o mito da caverna de Platão? Teve um dia muito interessante em que ao descer as escadas rolantes de um shopping, tinha um grupo animadamente conversando no fim dos degraus. É sério. Não teve como evitar meu impacto com aqueles corpos celestes e creio que minhas pulgas sofreram sua extinção devido ao impacto em grande escala.
Outra coisa que os humanos fazem e que acho curiosíssimo é o fato de num lindo dia cinzento de chuva, pessoas que não se importam de carregar guarda-chuva (sombrinha, chapéu ou como queira) disputam espaço debaixo das marquizes com pessoas, assim como eu, que não suportam carregar e perder este artefato peculiar. Incrível como você vai andando, se protegendo do responsável pela vida na terra que ajudou a gerar essa criatura com o guarda-chuva na sua frente, e quando se depara com o ser, ele estaca em sua frente, de cara feia, e espera que você ande para o lado para lhe dar espaço. Com o guarda-chuva aberto! Não sei se seria falta de educação, noção ou cara de pau mesmo, mas se você está com protetor de H2O, não há problema em andar na chuva. Esse dispositivo foi feito para isso.
Por via das dúvidas, prefiro acreditar que os nossos genes são muito fortes e nos compelem a agir de forma estranha a pensar que somos somente muito mal educados.