Casualidades da vida ou “Como esse cara é chato, Jesus amado!”
Telefone toca
– Alô?
– Alô. Por favor, o senhor Wagner se encontra?
– Não estava preparado para uma ligação filosófica agora a noite, moça.
– Oi?
– Nada não. Sim, aqui é o senhor Wagner.
– Boa noite. Eu sou Joana e estou ligando para dizer que o senhor foi contemplado com um cartão de crédito do Grupo X. Poderia falar das vantagens que esse cartão oferece?
– Por quê?
– Por que o que, senhor?
– Por que eu fui o contemplado? Digo, no Brasil existe mais de 190 milhões de pessoas. Foi algo aleatório? Participei de algum sorteio?
10 segundos de silêncio.
– Bem, senhor, o senhor foi contemplado com um cartão de crédito do Grupo X. Com ele, o senhor poderá realizar compras na nossa rede ou em outros estabelecimentos. Alem disso, acumulará pontos que poderão ser trocados por prêmios e…
– Mas na minha cidade não tem nada do Grupo X, moça.
– O senhor poderá usar o cartão em outros estabelecimentos.
– Você não acha isso estranho? Digo, imagine que eu vá até uma loja de calçados e utilize o cartão do Grupo X. A vendedora vai me olhar estranho. Provavelmente vai pensar “como ele tem um cartão do Grupo X, se não tem Grupo X aqui na cidade?”. Ela pode achar que é falso. Ou, pior ainda, pode ficar perguntando se eu sou ou não da cidade.
10 segundos de silêncio novamente.
– Tenha uma boa noite, senhor.