Manifestação Contra o Aumento da Passagem do Transporte Público – Rio Claro, SP.
Na quinta-feira, dia 20 de junho, participei da Manifestação Contra o Aumento da Passagem do Transporte Público, aqui em Rio Claro. E ela não foi muito diferente do que já foi presenciado e noticiado nas outras manifestações que aconteceram por todo o país.
Primeiramente, preciso deixar já claro que ver tantas pessoas na manifestação me deixou surpreso. Surpresa essa aumentada com o fato de que Rio Claro é uma cidade conservadora e de pouca tradição de manifestação popular. E afirmo que se não fosse pela presença da Unesp, a manifestação seria perto do zero.
Vi várias placas, com as mais diversas frases e reivindicações. Não que protestar sobre vários assuntos seja ruim, mas é complicado quando você percebe que a maioria está lá gritando frases de ordem mas sem ter bons argumentos para sustentar o grito. “Abaixo a Corrupção!”, “Chega de violência!” são frases que soam bonitas mas carecem de sustentação por parte de quem grita. Afinal, alguém é a favor da corrupção?
Muita, muita gente nova ali. Encontrei vários ex-alunos e alunas na manifestação. A grande maioria me reconhecia e falava “Ae professor, vamos protestar!”. Teve um, inclusive, que estava com metade do rosto coberto. Ao me cumprimentar, eu disse “Bruno, se eu consigo te reconhecer mesmo com rosto coberto, qualquer um consegue. Tira isso e participe com o rosto a mostra”. Claro que ele não me obedeceu e – sabendo quem é – na primeira merda que acontecesse ele estaria presente.
Mas não aconteceu merda nenhuma, para a felicidade dos policiais presentes. Eles eram poucos, daria para fazer, no máximo, um time de futebol de salão com três reservas.
O percuso da manifestação seria o seguinte: começaria no Jardim Público (também conhecida como “a praça dos bancos”), seguiria até a avenida Visconde de Rio Claro (uma das principais e mais movimentadas avenidas da cidade), voltaria ao Jardim Público
A presença dos unespianos na manifestação foi perceptível devido os cartazes contra o Pimesp. Para saber mais sobre isso, recomendo clicar neste artigo.
Há dois pontos negativos que precisam ser levantados aqui: a velocidade que a manifestação estava andando, a ponto dos próprios organizadores pedirem para as pessoas andarem devagar, pois estava se criando blocos. O outro ponto é uma discussão que surgiu no final entre um grupo e os organizadores. Esse grupo queria saber quem estava bancando o carro de som e por que não iriam até a casa do prefeito. Não acompanhei essa discussão até o final, várias pessoas falando ao mesmo tempo e nenhum indicativo de que iria chegar a uma conclusão.
O que eu realmente espero dessa manifestação é um despertar político das pessoas e que os reivindicações vazias sejam trocadas por discursos mais concretos e objetivos.
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Duas coisas:
1ª – Vi ruas bloqueadas pela polícia pra que o trajeto fosse cumprido e não parasse o tráfego. A partir do momento em que há essas limitações, a coisa perde o sentido. É pra parar a cidade sim! Pra mim, essa “manifestação” foi um cãozinho bravo na coleira.
2ª – Conheço muita gente aí, e sei que boa parte só foi pra “micaretar”, atualizar o Instagram e bater papo com Marias-cult. E toda vez que alguém sorri pra foto, acho que a coisa perde o sentido também. Não é esse o sentimento.
E como dito, MUITO frasismo bobo e contraditório. Tipo o “R$3,20 deveria ser o preço do litrão” (que só demonstra falta de engajamento) e o hipster “all we need is love” (que mata todas as reivindicações). Sem falar nas piadinhas idiotas, tipo “não atire bala de borracha, atire halls” (que, coincidentemente, fazia parte de uma galerinha que eu considero idiota). O melhor cartaz foi o “Felicianus, me cura ou como sua bunda”.
Apesar de tudo, vejo o lado bom: essa molecadinha está saindo da internet. Embora muitos ainda levem a mesma mentalidade pobre, já é um começo.