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Bando de Dois

Caro leitor: você gosta de filme de faroeste? Caso sua resposta seja positiva, recomendo que você leia Bando de Dois[bb], de Danilo Beyruth[bb].

A melhor maneira de resumir a história, sem estragá-la, está na própria orelha da hq: “Dois últimos sobreviventes de um bando de vinte cangaceiros partem em busca das cabeças decepadas de seus companheiros, preparados para enfrentar um exército. Cada um com os seus motivos. Bando de Dois é o bangue-bangue à brasileira“. Os dois cangaceiros que sobreviveram são Tinhoso e Cavêra di boi. E o exército citado é a volante do Tenente Honório.

Para você não ficar perdido: volante foi uma força policial criada para combater os cangaceiros. E elas eram apelidadas de macacos pelos grupos cangaceiros. E esses macacos, quando obtinha uma vitória, decepava as cabeças do grupo cangaceiros e as mostravam em cada cidade, vila ou vilarejo que passavam, para mostrar as pessoas o que acontecia e que aquilo poderia acontecer também com quem era coiteiro. Coiteiro era a pessoa que ajudava um grupo cangaceiro.

Para quem se interessar mais sobre o assunto, recomendo fazer pesquisas na internet e procurar livros de história. Foi um fenômeno social interessantíssimo.

E é aí que Bando de Dois deixa o assunto mais interessante ainda. Escrito e desenhado por Danilo Beyruth, essa obra mostra que é possível contar histórias usando fatos brasileiros, sem precisar ser chato ou didático demais. Não é a toa que essa obra foi incluída no Programa Nacional Biblioteca da Escola.

Os traços são fortes e o fato de ser toda em preto e branco colabora para passar um clima de aridez, tipica do nosso sertão. A história, como dita no começo deste post, é sobre vingança. Com violência. Mas os bons filmes de faroeste são violentos (se você prefere algo limpo, como nos filmes de John Wayne, melhor não ler essa hq). Há, inclusive, um pouco de humor na narrativa. Não que seja proposital, mas são situações que acabam sendo engraçadas em seu desfecho.

Eu iria ler um pouco ao longo do dia, para não prejudicar as outras leituras e atividades que preciso fazer. Mas felizmente isso não aconteceu: no momento em que comecei a ler, só parei quando cheguei na página 94, na palavra “fim“. Bando de Dois é igual a um filme bom: você quer ver até o final, sem paradas.

Alias, está demorando para algum cineasta brasileiro transformar Bando de Dois em um filme: já está tudo pronto, se modificar algo vai estragar.