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Paulistas e o maldito preconceito

No começo do ano ouvi toda uma reclamação de uma aluna sobre a “baianada” que estava chegando aos montes em Cosmopólis. De acordo com ela, esses “baianos” só estavam atrapalhando a cidade. Ela reclamou sobre muitas coisas e uma delas foi que eles estavam “roubando” todos os empregos da cidade.

Antes de você saber o que eu respondi, saiba que ela se referia a “baianos” toda e qualquer pessoa que fosse de Minas Gerais para cima.

Enfim, após ouvir calmamente toda a reclamação dela, eu simplesmente perguntei: “Por acaso você estava tentando essa vaga de emprego?“. Ela ficou um pouco sem reação e eu retornei a perguntar: “Por acaso você queria alguma dessas vagas de emprego que esses ‘baianos’ tomaram?

Ainda atonita, ela me responde que não, alias, nem estava procurando emprego. Eu dei uma risada e acabei falando algo que valia para a turma inteira.

Vocês acham justo reclamar – e por tabela, terem preconceitos – com pessoas que vieram de outra região batalharem por uma vida melhor? Reclamar porque elas pegaram vagas de empregos que vocês não estavam nem aí? Reclamar de pessoas que deixaram para trás parentes e amigos em busca de melhores condições? Por que essa raiva? Por que esse ódio? Ao invés disso, por que não reclamar das autoridades, dos governos – seja federal, estadual ou municipal – que não criam condições para que essas pessoas consigam viver em seus locais de origem, perto de amigos e parentes?“. Depois disso, surgiu uma discussão saudavel sobre as diferenças socioeconomicas entre as regiões brasileiras.

Não entendo essa raiva que paulista de pessoas de outros estados. É de conhecimento histórico que este estado só conseguiu crescer porque seus trabalhadores vieram de várias partes do Brasil – e do mundo. O que seria de São Paulo se não fossem os baianos, sergipanos, maranhenses, italianos, japoneses, africanos, portugueses…

Alias, a maior qualidade do estado é essa de conseguir absorver todas essas pessoas e assim construir uma base cultural sem igual. Que outro lugar do país encontramos, na mesma cidade, um baiano em um restaurante japonês e portugues fazendo pastel e um boliviano vendendo um album de axé?

Muito me entristece quando vejo pessoas reagindo com preconceito para com as pessoas de outro estado. Ela tem menos direitos que você? Ela é, por acaso, uma espécie sub-humana? E se fosse situação contrária: se fosse você, paulista preconceituoso, sendo alvo de chacota e preconceito só porque você foi trabalhar nos estados do nordeste?

Sei que esse assunto dá para ser melhor discutido, mas pelo horário o sono me bate. Só não queria deixar passar batido pensamentos que me veio a mente e um pouco sobre o tema. E cada vez mais vejo que nossa socidade está ficando mais babaca.

ps.: antes que alguem fale merda nos comentários (se é que vão comentar), quero deixar claro que tenho orgulho de ser paulista. Este texto vale mais para os paulistas preconceituosos.