Vamos falar de política?
Quando falamos em política o que vem a cabeça? Porque a política é muito mais que isso. Em princípios, pois os sistemas não são ideais, mas sim reais, os gregos e os romanos acreditavam que a política trazia a boa vida (a justiça e o bem comum), para Maquiavel significa a tomada e manutenção do poder. Para nós ela pode ter três significados: concerne a toda sociedade, garantindo direitos e obrigações, cria espaços de contestações e define leis e costumes; algo que aparece distante da sociedade, uma vez que é uma atividade de especialistas e profissionais (os políticos); e como mal necessário, sendo um poder distante de nós e de interesses particulares. Assim, temos a política como intrínseca ao sujeito de forma ativa, externa a nós (sendo deles) e uma coisa diabólica.
A exclusão da vida política é algo sério, pois faz com que o indivíduo perca o sentido de responsabilidade social e julgue que não precisa participar das decisões que irão direcionar os caminhos das instituições do Estado como o legislativo, escolas, hospitais, políticas públicas e até mesmo do país.
A participação política não deve ser realizada apenas em épocas de eleições, para você apertar o botão com o número de seu candidato e pronto, não há mais com que se preocupar porque esse será o trabalho dele. Os problemas e as responsabilidades não somem após as eleições, eles continuam aí do seu lado e, principalmente, na sua frente. Não estou dizendo que precisemos estar na câmara dos vereadores todos os dias, mas que se pense que todas as nossas ações são políticas, até mesmo quem queira se ausentar de tudo, dizendo que não gosta de falar sobre esses assunto. Apesar de passivo, é uma escolha política.
Ao meu ver política concerne ao indivíduo que queira viver em sociedade, pois para o bem comum é necessária a convsersa, ouvir o outro, discutir e deliberar. Tenho muitos questionamentos quanto a isso, pois temos que pensar em realidades e não em idealizações. Por isso, acho que antes de pensar em acabar com esse sistema porque ele está podre, devemos pensar que quem compõe esse sistema somos nós e que se ele está podre é porque nós estamos podres. Assim, penso que devemos rever nossos conceitos do que é público, do que é político e do que é coletivo, pois sem eles não há sociedade.
ps: é muito diíficil para mim escrever textos como esse, porque minha argumentação ainda não é bem fundamentada. Queria pedir desculpas pela minha ausência, mas textos como esse não vem de uma hora para a outra. Ele não saiu exatamente como eu queria, mas enfim…estamos aqui antes de mais nada para debater.
Estou em casa agora. Hahahahahahahha.
Concordo bastante com você. Me irrita profundamente os acéfalos que dizem não gostar de política. Ora, quem opta pelo jargão “esse negócio de política é muito complicado” acaba por ajudar a corromper ainda mais o sistema, apodrecendo as bases da democracia: a vontade da maioria. Assim são abertos espaços para que os famosos golpes do colarinho branco se tornem práticas comuns e a gente comece a achar que todo político é corrupto.
Ora, generalizar é algo perigoso. Se todo político é corrupto, então todos nós somos corruptos a medida que todos nós fazemos política. Não adianta, não tem como fugir dela. “O ser humano é um ser social” e a arte/ciência de fazer política está inscrita no seu sangue desde quando nos organizamos em comunidades e elegemos líderes. Reivindicar, conversar, debater, em nível menor até maior (desde a mesa de bar até fazer um discurso em horário nobre para todo o país) pode ser englobado como maneiras de se utilizar da política.
Agora veja bem, como a Carol brilhantemente colocou: argumentação (não que a sua esteja horrível, descordo do seu ps). Na esfera política, a argumentação, a dicção e a desenvoltura do raciocínio e da fala são de grande ajuda porque tem alto nível de influência e poder de convencer a outrem. É aí que entra o perigo. Como os próprios sofistas (filósofos pré socráticos) utilizavam-se do método da oratória para impôr sua vontade nas pólis (cidades) até hoje esse método é utilizado sem moderação e muitas vezes de má fé. A necessidade de se ter cada vez mais uso de ética e bom-senso por parte dos políticos (lembrando o que a Carol disse: aqueles caras que a gente escolheu para nos representar perante o governo) e senso crítico da nossa parte de saber até identificar os enchimentos de linguiça dos discursos e procurar saber o caráter de quem estamos votando (gente, votar por favores é tão oldschool… o pessoal da república velha tava analfabeto de tanto fazer isso).
Agora, sendo um pouco advogada do diabo. Só alerto para isso que “os gregos e os romanos acreditavam que a política trazia a boa vida”. Realmente acreditavam que ela trazia boa vida. O voto era censitário, ou seja, somente os de mais posses poderiam participar das reuniões para debater os problemas da comunidade. A maioria utilizava dessa democracia para manter-se no poder, escravizando grande parte da população conquistada e forasteira. Os sofistas de que falei garantiam seus privilégios através do voto da maioria minoritária (a maioria daquela minoria que votava), garantindo suas posses. Sócrates combatia-os com todas as suas forças. Então o histórico desse modo de política já está implícito certas maneiras de corrupção. Estudando um pouco mais a fundo, percebemos que o sistema já carrega em si focos de desigualdade e privilégios que nunca poderão superar os problemas sociais.
Mas a idéia de democracia é linda, salvo esses detalhes que mencionei. Entretanto, para que possamos dizer que a política é linda, teremos que garantir que a maioria da nossa população saiba o que ela é. Aí a gente entra num ponto que falta em peso no Brasil: educação. Quem estuda desenvolve senso crítico, não se deixa ludibriar e ajuda a desenvolver o país não só pelos seus estudos, mas pela sua consciência política. Portanto, quando alguém vier falar de política não faça uma cara de nojo: converse. O filófoso Jurgen Habermas diz: “São as pessoas quando falam entre si, e não quando ouvem, lêem ou assistem os meios de comunicação de massas, as que realmente fazem que a opinião mude”. Parabéns, você está mudando a opinião do país. Só assim poderemos fazer com que esse sistema seja livre da podrição e do resquiço de elitizagem e politicagem que traz desde a Grécia. Parabéns, também, se você leu até aqui.
Agora me diz, o que um ser obtuso como eu pode acrescentar em comentários? hahaha pois é, politica ao meu ver é para ser praticada mesmo. #prontofalei
E não é que Carol fala bem hehehe. Brincadeiras a parte, queria dizer que concordo que no sistema grego há problemas e muitos, como a escravidão, a submissão das mulheres e outras coisas. Por isso que havia colacado em princípios.
Outra coisa que queria ressaltar é a questão da educação. Depende de que educação que estamos falando, pois o senso crítico vem de uma educação de qualidade e não técnica como o governo do estado de SP está colocando, por exemplo. Espero que criemos novos espaços para se fazer política e não só como de coloca hoje, que ela se interiorize em cada um para que assim não generalizemos que todo político é corrupto.
Acho que a “função” desses textos que tento trazer é exatamente essa, que a gente pense.